FILOSOFIA PARA CRIANÇAS
O blog de Filosofia para Crianças é um espaço democrático de interação entre alunos e professores que trabalham com o Programa de Lipman.
domingo, 6 de janeiro de 2019
quinta-feira, 2 de junho de 2016
COMUNIDADE DE INVESTIGAÇÃO
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No Programa de Filosofia para
Crianças, criado pelo filósofo Mattew Lipman, estabeleceu-se uma prática de
investigação em comunidade como metodologia educacional baseado na teoria de
Vigotsk. Por esse motivo, esta técnica pode ser apreendida por todos os profissionais
da área de Educação.
Na Comunidade de Investigação
desenvolvem-se as habilidades e competências dos participantes do processo
dialógico.
O diálogo é o principal
instrumento provocado por situações criadas em sala de aula para instigar os
alunos à investigação filosófica.
Desta maneira, o diálogo vai além
da sala de aula, os alunos passam a questionar e discutir os assuntos com as
pessoas de seu convívio, porque aprendem a observar o mundo em que se vive para
formular conceitos próprios por autonomia. As crianças interagem com os pais,
com os demais membros da escola, com colegas, amigos, vizinhos, parentes e
qualquer pessoa que ela busque para interagir. Com isso, as habilidades do
pensamento, de leitura, oralidade, escrita e escuta ficam aguçadas.
É todo esse movimento que
denomina-se Comunidade de Investigação, pois os alunos em sala de aula
participam em comunidade e esta se estende aos âmbitos de suas vivencias
independente do lugar que é a escola.
Na Comunidade de Investigação as
crianças são instigadas, metodologicamente provocadas a pensar, a desenvolver o
pensamento crítico-criativo-cuidadoso.
Por conseguinte, a Comunidade de
Investigação envolve qualquer pessoa que esteja em relação com o movimento
intrigado de busca por novas descobertas.
Uma das principais
características da pessoa que investiga em comunidade é o uso da auto-correção:
nesta metodologia de ensino-aprendizado o conteúdo não é despejado nem dado
pronto ao educando, ele precisa buscar e elaborar conceitos por si mesmo;
então, torna-se comum cometer erros e os reconhecer percebendo que a
falibilidade também compõe a humanização.
Neste sentido, há uma ruptura
epistemológica com teorias da educação tradicional, o objetivo é edificar o
mega-paradigma pela busca da autonomia da pessoa.
Lecionar em comunidade de
investigação é muito trabalhoso porque o professor deve ter domínio do
pressuposto pedagógico para promover a ampliação cognitiva do conteúdo objetivo
e lúdico ao mesmo tempo.
E ainda, ter muita humildade para
lidar com várias circunstâncias, como ter sua aula confundida com brincadeira
de conversa após todo trabalho com jogo progressivo de palavras pensadas.
Assim sendo, alguns mal
entendidos aparecerão no momento da avaliação, as correções avaliativas também
fazem parte do desenvolvimento da aula e do processo ensino-aprendizado.
Ou seja, avaliar não significa
colocar os alunos à prova, trata-se de oportunizar a compreensão de outra
maneira - (trabalharemos a perspectiva da avaliação em nosso próximo texto, bem
como das habilidades e competências).
Portanto, a Comunidade de
Investigação forma uma rede de ideias compartilhadas por meio de diálogo
aplicado lógico-didaticamente em qualquer âmbito e esfera educacional.
FONTE:
http://www.filosofia.com.br/vi_criancas.php?id=6
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sábado, 20 de setembro de 2014
Fugindo do moedor de carne
Somente a disciplina, característica ligada à virtude da moderação, pode nos livrar de termos nossos sonhos tragados pelo ritmo frenético do cotidiano
por Lilian Graziano

Meu desconforto, por outro lado, diz respeito ao livro. Tecnicamente, tenho um livro publicado, embora não no mercado brasileiro. Fiquei contente quando recebi um convite de uma editora alemã para que minha tese de doutorado fosse transformada em livro e vertida em Inglês para lançamento no mercado estrangeiro. Mas, talvez, por se tratar da minha tese, eu não a veja como um livro. Assim sendo, fiquei com essa pendência em relação à minha realização.
É quando entra em cena o famoso "moedor de carne". Para quem ainda não conhece a expressão, segue a descrição que levará o leitor, tenho certeza, à construção de uma imagem que lhe fará se dar conta de sua total intimidade com o drama descrito por ela.
LIGAMOS NOSSO METAFÓRICO MOEDOR DE CARNE EM VOLTAGEM 220, TODOS OS DIAS, PELA MANHÃ. EM SEGUIDA, ENTRAMOS DENTRO DELE (ISSO MESMO! DENTRO DELE!) E LÁ PASSAMOS O NOSSO DIA, TRAGADOS POR SEU RITMO FRENÉTICO E IMPLACÁVEL
Ligamos nosso metafórico moedor de carne em voltagem 220, todos os dias, pela manhã. Em seguida, entramos dentro dele (isso mesmo! Dentro dele!) e lá passamos o nosso dia, tragados por seu ritmo frenético e implacável. Depois, à noite, os mais saudáveis conseguem desligá-lo, saindo dele antes de dormir. Os mais "comprometidos" sofrem com insônia e/ou sono agitado, sinal de que seus moedores continuam funcionando e - o pior - de que permanecem dentro deles.
Vejo esse "moedor de carne" como um de nossos piores inimigos. E, infelizmente, saber de sua existência nem sempre garante que eu não seja uma de suas vítimas. Foi por causa do moedor de carne que, até hoje, não concluí meu livro teórico sobre Psicologia Positiva, uma eterna pendência na área de trabalho do meu computador.
No início deste ano, fui surpreendida pela sugestão de uma amiga para que eu "publicasse" um livro de Psicologia Positiva que não fosse teórico, mas, sim, que mostrasse a vida a partir do olhar da Psicologia Positiva. Achei a ideia bastante interessante, mas lembrei a ela que antes de "publicar" o tal livro, eu precisaria escrevê-lo, o que meu moedor de carne, definitivamente, não permitiria. Sobretudo neste ano.
Foi quando ela me disse que eu já havia escrito o livro. Segundo ela, o tinha feito ao longo dos últimos quatro anos em que mantive minha coluna Psicopositiva na revista Psique Ciência&Vida. Minha amiga tinha razão. Sem que eu me desse conta, a disciplina de manter uma coluna mensal havia me levado à realização de produzir um material que poderia ser transformado em livro.
Não pude deixar de notar que para fugir do moedor de carne só nos resta a disciplina. A mesma disciplina tão desafiadora para quem tem o autocontrole como sua 24ª força pessoal...
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. graziano@psicologiapositiva.com.br |
Afirmar você e o seu brilho
A assertividade é o conceito que melhor representa as características de quem está no controle da própria vida e não à mercê dos eventos, manifestando as próprias capacidades e necessidades no contexto pessoal e social
por Eduardo Shinyashiki

O termo assertividade deriva do latim asserire, com o significado de afirmar a si mesmo, sustentar a própria opinião. Nesse sentido, ser assertivo significa saber expressar, de forma clara e eficaz, as próprias emoções, ideias e direitos, sem assumir uma atitude agressiva em relação ao interlocutor, respeitando o seu posicionamento.
Num contexto mais amplo, assertividade se relaciona, também, com eficácia pessoal, eficiência, afirmação, habilidade social e competências emocionais.
Muito legal, não é mesmo? Porém, nem sempre é fácil ter uma postura assertiva. Especialmente, no contexto profissional acontece que, às vezes, deixamos que as nossas ideias sejam desqualificadas e não consideradas, o que nos inspira a ter reações contrárias, como ofender ou humilhar as ideias dos outros.
Saber expressar e defender as próprias opiniões e pontos de vista, sem agredir ou ofender, tem como pressuposto principal uma atitude interna de autoestima e a autoconfiança.
Ser assertivo pressupõe, principalmente, conhecer a si mesmo. Essa óbvia constatação é, na realidade, a mais árdua a ser trabalhada, pois significa desenvolver a autoestima, o próprio posicionamento diante do mundo, o autoconhecimento e o fortalecimento das competências emocionais. O respeito aos valores humanos significa reconhecer que o ser humano é um ser social e que a qualidade das suas relações interpessoais é a fonte principal da felicidade.
É necessário desenvolver habilidades práticas ligadas, por exemplo, à maestria na comunicação verbal e não verbal. Além disso, estar sempre disposto a aprender, estar aberto ao novo, ao conhecimento, às mudanças dos contextos e à analise dos cenários, contribui para a assertividade.
Esse é um processo contínuo de amadurecimento, em que não é somente necessário aprender coisas novas, mas, especialmente, aprender a ver as coisas com novos olhares.
Isso se traduz no exercício do equilíbrio entre o amor próprio e a humildade, entre ocupar o próprio espaço e o respeito pelo espaço do outro, onde a ideia de reciprocidade é intrínseca e essencial. Quer dizer ter a consciência de si mesmo, interagindo com as outras pessoas, reconhecer aos outros o mesmo direito de comunicar as próprias convicções e de seguir em busca dos próprios objetivos e, nesse diálogo, poder crescer e evoluir, utilizando o outro como espelho, colocando em confronto ideias, formas de pensar, sentir e ver o mundo.
A passividade é uma condição caracterizada por uma constante submissão ao outro e ao contexto, e do medo de defender os próprios pontos de vista para tutelar os seus objetivos. A pessoa passiva não consegue influenciar outras pessoas, pois são os outros que a influenciam. Elas enfrentam os problemas, preocupações e necessidades alheias, antes de solucionar as próprias. No contexto profissional, a pessoa passiva cria dúvidas e desequilíbrios pela falta de foco e atitude.
No oposto, a pessoa que assume um comportamento agressivo tenta impor as suas opiniões para chegar aos seus interesses, sem respeitar o outro. Sem espírito de equipe, essas pessoas não sabem colaborar e nem controlar a raiva, criando conflitos no contexto profissional e na cooperação e integração com os colaboradores e grupos, tornado as ações sem lógica e sem sentido.
Desse modo, se pensarmos melhor, podemos ver que o núcleo central da assertividade é a ideia de liberdade, compreendida como capacidade de se libertar de condicionamentos negativos e comportamentos limitantes, além de fortalecer a capacidade de se expressar de forma mais evoluída, respeitosa e eficaz, aprendendo a lidar, de maneira adequada, com as emoções e as necessidades pessoais, sem entrar no sentimento de ansiedade, desconforto, medo ou raiva. Isso leva a viver o real conceito de liberdade.
A assertividade é uma qualidade chave das pessoas de sucesso, realizadas e focadas nos resultados, atentas a flexibilizar e suavizar os defeitos que caracterizam a passividade e a agressividade para se tornar mais assertivas e conseguir influenciar os outros e a organização em que trabalham.
O resultado disso tudo é uma maior oportunidade de carreira, pois, no trabalho, o profissional assertivo tem uma atitude disponível e colaborativa com a equipe, assume as próprias responsabilidades, decisões, ações e, também, erros. Viva a autonomia de criar a realidade que deseja viver, com tudo e todos ao seu redor.
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Fonte: http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/103/artigo323788-1.asp
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
O jovem Sócrates

Autor: Nonato Nogueira
Acabamento: Brochura
Formato: 18 x 23,5
Número de páginas: 32
Sobre a obra: Você já pensou em desvendar os mistérios da vida? Em questionar-se sobre a natureza das coisas, dos sentimentos, das ações e até da própria existência? No conto Sócrates e seus amigos o autor Nonato Nogueira imagina o grande filósofo grego Sócrates como um menino que ainda convive com seus pais Sofronisco e Fenareta, mas que já é questionador, discutindo sobre tudo o que lhe vem à cabeça e criando em seus amigos a curiosidade reflexiva do filósofo. Conhecer essa narrativa que nos leva a caminhar pela antiga Grécia com Sócrates e seus companheiros de juventude, despertará no leitor o desejo de também se tornar um amigo da sabedoria.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Despertar filosófico
por André Assi Barreto
Fonte: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/42/despertar-filosofico-290838-1.asp
Todo estudante e professor de Filosofia acaba, em
algum momento, sendo inquirido com a pergunta “o que é a Filosofia e
para que ela serve?”. Para alunos do ensino médio e de outros cursos de
graduação, é preciso que os professores empreguem uma parte de seu tempo
para definir o que a Filoso fia é e para justi car seu ensino. Antes
de adentrar nos escritos de Platão e Aristóteles, muitas vezes é preciso
convencer os alunos que eles devem ser estudados.
De mais elementar dos ramos do conhecimento, única ciência disposta a sanar todas nossas questões essenciais (de onde viemos? para onde vamos? e como devemos agir?), a Filoso fia ganhou a caricatura de enfadonha e desinteressante, além de “não servir para nada”. Quanto a esta última acusação, logo alerto meus alunos que a Filoso fia, de fato, não tem nenhuma utilidade “prática”, não no sentido de “prático” empregado pelo senso comum. Embora seja verdade que a Filoso fia pode fazer de quem a estuda um melhor escritor, orador ou argumentador, essas são consequências contingentes, o propósito do estudo da Filoso fia não é e não deve ser um desses.
A Filoso fia não tem utilidade prática, é “inútil” no mesmo sentido que a arte é inútil. Qual a utilidade de contemplar uma tela, ler um poema ou ouvir uma música? No sentido comum e cotidiano de prático, nenhuma. Contudo, com uma análise cuidadosa, percebemos que tais coisas ditas inúteis são tão ou mais importantes que as úteis. Uma excelente ilustração disso é o documentário Por que a beleza importa?, do lósofo inglês Roger Scruton, que mostra a recente busca dos ingleses por prédios construídos com base na arquitetura vitoriana que, diferentemente dos atuais, primavam pela beleza e não apenas para a funcionalidade. O mesmo se aplica a Filoso fia: embora inútil, é uma atividade indispensável e caracteristicamente humana.
A questão passa a ser, então, transmitir isso a um público desinteressado, de mentalidade cienti cista, tecnicista e imediatista, capaz de atribuir valor apenas àquilo imbuído de utilidade material e não espiritual.
Assim, o professor tem de cumprir o papel de persuasor, convencer o aluno da importância do estudo da Filoso fia; e caso pre ra-se partir de uma leitura direta dos clássicos, sem a contextualização devida, acabamos por obter o efeito inverso e a afastar da Filosofia aqueles que estão a ter um primeiro contato com ela. Para o propósito de ensinar a Filosofia, banalizá-la é tão prejudicial quanto apresentá-la para os iniciantes fazendo uma leitura direta da Metafísica de Aristóteles. Disso decorre a importância do professor não fomentar os preconceitos, mas sim dissolvê-los; o desa o torna-se mais difícil.
É válido se reportar a Sócrates e adotar sua estratégia: operar “de cima para baixo”, a discussão dos temas mais abstratos eram sempre iniciados ou muito bem ilustrados com exemplos cotidianos pelo mestre de Platão. Isso é ainda mais urgente no caso do Ensino Médio: partir do mundo circundante para chegar à abstração losó ca, despertando no aluno a relação entre as duas coisas; isso tudo sem perder o rigor e propor re exões tão rasas que não possam ser enquadradas como losó cas.
Despertada a consciência que nossa vida é regida por uma atmosfera cultural determinada por ideias filosóficas, é pouco provável que alunos e público em geral sigam a fazer troça da Filosofia. Cabe aqui o alerta apaixonado feito por Ayn Rand: “como um ser humano, você não tem escolha sobre o fato de que precisa de uma loso a. Sua única escolha é se você de ne sua loso a por um processo consciente, racional e disciplinado de pensamento e deliberação escrupulosamente lógico - ou se você permite que o seu subconsciente acumule uma pilha inútil de conclusões injusti cadas, falsas generalizações, etc (...)”.
Uma vez compreendido que viver num mundo regido por ideias losó cas não é uma escolha e que ninguém deseja se submeter às ideias dos outros, despertar essa consciência torna-se quase um dever moral para nós, professores de Filoso fia.
*André Assi Barreto é graduado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), mestrando em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da rede pública de ensino (Escola Estadual Sapopemba). Blog: www.andreassibarreto.org
Fonte: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/42/despertar-filosofico-290838-1.asp
De mais elementar dos ramos do conhecimento, única ciência disposta a sanar todas nossas questões essenciais (de onde viemos? para onde vamos? e como devemos agir?), a Filoso fia ganhou a caricatura de enfadonha e desinteressante, além de “não servir para nada”. Quanto a esta última acusação, logo alerto meus alunos que a Filoso fia, de fato, não tem nenhuma utilidade “prática”, não no sentido de “prático” empregado pelo senso comum. Embora seja verdade que a Filoso fia pode fazer de quem a estuda um melhor escritor, orador ou argumentador, essas são consequências contingentes, o propósito do estudo da Filoso fia não é e não deve ser um desses.
A Filoso fia não tem utilidade prática, é “inútil” no mesmo sentido que a arte é inútil. Qual a utilidade de contemplar uma tela, ler um poema ou ouvir uma música? No sentido comum e cotidiano de prático, nenhuma. Contudo, com uma análise cuidadosa, percebemos que tais coisas ditas inúteis são tão ou mais importantes que as úteis. Uma excelente ilustração disso é o documentário Por que a beleza importa?, do lósofo inglês Roger Scruton, que mostra a recente busca dos ingleses por prédios construídos com base na arquitetura vitoriana que, diferentemente dos atuais, primavam pela beleza e não apenas para a funcionalidade. O mesmo se aplica a Filoso fia: embora inútil, é uma atividade indispensável e caracteristicamente humana.
A questão passa a ser, então, transmitir isso a um público desinteressado, de mentalidade cienti cista, tecnicista e imediatista, capaz de atribuir valor apenas àquilo imbuído de utilidade material e não espiritual.
Assim, o professor tem de cumprir o papel de persuasor, convencer o aluno da importância do estudo da Filoso fia; e caso pre ra-se partir de uma leitura direta dos clássicos, sem a contextualização devida, acabamos por obter o efeito inverso e a afastar da Filosofia aqueles que estão a ter um primeiro contato com ela. Para o propósito de ensinar a Filosofia, banalizá-la é tão prejudicial quanto apresentá-la para os iniciantes fazendo uma leitura direta da Metafísica de Aristóteles. Disso decorre a importância do professor não fomentar os preconceitos, mas sim dissolvê-los; o desa o torna-se mais difícil.
É válido se reportar a Sócrates e adotar sua estratégia: operar “de cima para baixo”, a discussão dos temas mais abstratos eram sempre iniciados ou muito bem ilustrados com exemplos cotidianos pelo mestre de Platão. Isso é ainda mais urgente no caso do Ensino Médio: partir do mundo circundante para chegar à abstração losó ca, despertando no aluno a relação entre as duas coisas; isso tudo sem perder o rigor e propor re exões tão rasas que não possam ser enquadradas como losó cas.
Despertada a consciência que nossa vida é regida por uma atmosfera cultural determinada por ideias filosóficas, é pouco provável que alunos e público em geral sigam a fazer troça da Filosofia. Cabe aqui o alerta apaixonado feito por Ayn Rand: “como um ser humano, você não tem escolha sobre o fato de que precisa de uma loso a. Sua única escolha é se você de ne sua loso a por um processo consciente, racional e disciplinado de pensamento e deliberação escrupulosamente lógico - ou se você permite que o seu subconsciente acumule uma pilha inútil de conclusões injusti cadas, falsas generalizações, etc (...)”.
Uma vez compreendido que viver num mundo regido por ideias losó cas não é uma escolha e que ninguém deseja se submeter às ideias dos outros, despertar essa consciência torna-se quase um dever moral para nós, professores de Filoso fia.
*André Assi Barreto é graduado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), mestrando em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da rede pública de ensino (Escola Estadual Sapopemba). Blog: www.andreassibarreto.org
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